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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Uma tarde com Pablo Neruda e Vinicius de Moraes






O objetivo desse ensaio é aproximar a obra do poeta chileno Pablo Neruda com a poesia de Vinicius de Moraes. Para tal procedimento, focaremos a imagem da “tarde” na obra dos dois poetas.  De Vinicius de Moraes separamos a letra e música: “Tarde em Itapuã”. Na obra do poeta Pablo Neruda, separamos a poesia: “Uma Tarde” que está inserido no livro de poemas O rio Invisível.
O porquê de uma tarde?
A palavra tarde significa em termos objetivos e simples o tempo entre o meio-dia e a noite. Mas como nosso objetivo traduz mais o lado subjetivo do termo, pois a literatura nos favorece a tal... A tarde simboliza o momento que nem é o início e nem o fim. Fazendo uma comparação simples, podemos dizer que o amanhecer é o início, a tarde o desenrolar; e a noite o fim. Também pode ser o passado, o presente e futuro, basta o ponto de vista de cada um.
No nosso ensaio, trabalharemos o conceito de tarde na vida do eu lírico. E o mais surpreendente é como ambos os poetas se parecem!

A palavra tarde deu origem a muitos termos: entardecer; tardio; tardo; tardança; que em suas essências mostram um momento ajustado, um tempo que anda vagarosamente. Um bom exemplo dessa afirmação é quando notamos essa imagem na música de Vinicius:
Um velho calção de banho
Um dia prá vadiar
O mar que não tem tamanho
E um arco-íris no ar...
Depois, na Praça Caymmi
Sentir preguiça no corpo
E numa esteira de vime
Beber uma água de côco
Percebemos o momento do poeta andando vagarosamente... Sem nenhuma preocupação, vivendo à tarde!

Já nos versos de Pablo Neruda:
A lua refugiou-se na montanha/deixando-nos velada claridade;
Esta luz amorosa que nos banha/ encheu toda a minh’alma de suprema bondade.
Percebemos um encantamento que traduz uma imagem de paz.
Para os dois poetas a tarde chegou para curar o cansaço e a ilusão da manhã. E a grandeza “destas tardes” é traduzida na imagem da natureza: “o mar que não tem tamanho”; “a lua refugiou-se na montanha”. Esta imagem da natureza nos remete ao homem reconhecendo o seu estado de humano e reconhecendo-se na própria natureza. Os poetas praticamente se embebedam diante da imagem. Imagem que transcende o momento de vida de cada um. É o encontro da paz interna e externa.
O poeta Neruda canta em seus versos ainda:
“senti todas as folhas se agitarem/ cantando no silêncio uma canção”;
“E senti meu espírito afasta-se as asas perseguindo de uma bela ilusão”

Agora nos verso de Vinicius de Moraes:
Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz
E o diz-que-diz-que macio
Que brota dos coqueirais...
E nos espaços serenos
Sem ontem nem amanhã
Dormir nos braços morenos
Da lua de Itapuã
É bom!...
O momento que ambos os poetas contemplam parece um sonho. Para Neruda: “uma bela ilusão” já para Vinicius um momento mitológico, “dormi nos braços morenos da lua de Itapuã”. Aqui percebemos a importância do símbolo vento. Ele é responsável por trazer o “agitar” da vida, mas também responsável por trazer a brisa macia, serena que tanto acalma o eu lírico.

Sendo assim, podemos concluir que tanto os versos de Vinicius de Moraes como os de Pablo Neruda traduzem um momento que traz sobre todas as circunstâncias a paz.
E a tarde nos trás um ensinamento poderoso: que todos os tempos são efêmeros, porém basta olharmos para tudo que nos cerca, mesmo no centro de um caos, não podemos deixar de viver. Viver INTENSAMENTE!!! Pois daqui a pouco será a noite, faltará a luz e a beleza da paz que uma tarde pode nos proporcionar!
ENTÃO NÃO DEIXE DE VISLUMBRAR UMA TARDE! UMA TARDE VAGAROSA E PRAZEROSA!